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O bairro mais doce de São Paulo
Setembro 27, 2007, 5:03 am
Filed under: Gula

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O “bairro doce” de São Paulo é um dos mais antigos da cidade, separado da Vila Guilherme pelo Rio Tietê e vizinho do Brás, do Belém e da Luz, o Pari tem como principais pontos de referência a igreja de Santo Antônio do Pari e o Estádio do Canindé, sede da Portuguesa de Desportos. Fundado por pescadores, que escolheram seu nome baseados no uso, muito comum no local na época, de uma armadilha indígena, o “pari”, para fisgar os peixes dos rios Tamanduateí e Tietê; o bairro teve sua história marcada pelo cheiro doce que saía das chaminés das fábricas de biscoitos e guloseimas instaladas décadas atrás.   

Hoje indústrias como Tostines, Neuza e Bela Vista, já se mudaram, abrindo espaço para o comércio de utilidades domésticas que tem crescido diariamente no Pari. São centenas de lojas que agora se atrevem a esconder os restaurantes e estabelecimentos tradicionais, especializados em diferentes culinárias, maravilhosos que o distrito possuí.

Marjoritariamente simples, chegando às vezes a possuir decoração antiquada, os ambientes são familiares, tendo a presença dos donos diariamente e preços acessíveis. Toda a variedade encontrada deve-se ao encontro das diversas gerações de imigrantes que passaram a viver a partir do final do século XVI. Portugueses, italianos, libaneses, coreanos e, mais recentemente, bolivianos, habitam o Pari e ali reproduzem as receitas tradicionais que suas famílias costumavam fazer em suas próprias casas. Todo esse mix de culturas transformou o distrito em um incipiente pólo gastronômico na capital paulistana.

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É comum ver três gerações de uma mesma família dividindo algumas das enormes porções de bacalhau da Casa Santos. Qualquer que seja a receita e o modo de preparo do os preços são os mesmos: 59 reais (para uma ou duas pessoas), 129 reais (para três) e 195 reais (para cinco). Nessa casa a procura pelo bacalhau é tão grande que os fornecedores entregam de 300 a 350 quilos por semana. “Num sábado dos bons, chegamos a vender entre 600 e 700 bolinhos de bacalhau”, conta Sônia Osório, uma das donas. 

 Localizado na rua Barão de Ladário o Restaurante do Líbano, da família Mohamad e Hanie Moussa entrou no mundo gastronômico reproduzindo pratos típicos libaneses que eram costumeiramente produzidos na cozinha do casal. “Passamos a servir as mesmas receitas que minha mãe fazia em nossa casa”, conta o filho Hassan Moussa, que administra o salão. “Ficávamos felizes nos dias em que atendíamos a três ou quatro mesas.”Em 2005, o restaurante mudou do número 907 para o 831 da mesma via, em instalações maiores e mais modernas, e trocou o nome para Casa Líbano. Nas paredes há belas fotos de cidades libanesas, em preto-e-branco. Logo na entrada fica o café e, no fundo, está instalada a mercearia da qual se pode levar produtos importados do Oriente Médio, como frutas secas e narguilés, além do açougue islâmico,(onde estão à venda cortes obtidos segundo preceitos muçulmanos. Essa carne com corte especial é a matéria-prima de itens como o quibe, a esfiha e a cafta servidos no restaurante que não vende bebidas alcoólicas.      

Os 15 centímetros de diâmetro da massa são a medida que faz a fama das esfihas preparadas no Rei das Esfihas. Conhecidíssimo pelos apreciadores do quitute, o restaurante tem a 30 anos um único garçon, Tadeu Dantas, que atende sozinho aos 36 lugares do salão. Na cozinha, doze pessoas encarregadas de dar conta dos pedidos espremem-se na cozinha, à vista do cliente, para preparar a massa, enrolá-la, recheá-la  e mandá-la ao forno. Podendo ser de carne, mussarela, calabresa, provolone, escarola, presunto, palmito ou calabresa com catupiry No início deste ano, as esfihas gigantes passaram a fazer parte do cardápio da Barakiah, lanchonete com ambiente mais amplo e fachada envidraçada que os mesmos donos do Rei das Esfihas inauguraram numa esquina a cerca de 200 metros da casa original.   

A relação  do fundador do Recanto do Líbano, Manuel Ferreira, e os doces árabes, vem de 1970. Quando o mineiro desembarcou em São Paulo para trabalhar como faxineiro em uma confeitaria e passou a observar os cozinheiros preparando doces.
Em 1989, deixou de ser empregado e abriu a própria fábrica, que hoje tem cinco funcionários que preparam 2.000 doces por dia, sob o atento olhar do dono do empreendimento. Vendidos no pequeno e simplório salão ou despachados para clientes (como o Empório Tio Ali, os restaurantes Congonhas Grill, do Aeroporto de Congonhas e Esfiha Imigrantes, na Saúde) os deliciosos doces são um sucesso. 

       
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Além dos estabelecimentos há das 11h às 19h aos domingo, na Rua das Olarias, uma Feira Livre Andina. Ponto de encontro de milhares de bolivianos que vivem em São Paulo, os vendedores circulam por um trecho de cerca de 200 metros da rua, até a praça Kantuta. Em cerca de oitenta barracas, é possível comprar artesanato, vestimentas, alimentos, como pães, diversos tipos de batata e de milho, caixinhas de chá de folha de coca e quinoa e comer receitas típicas, como frango churrasqueado, saltenhas apimentadas, anticucho, tendo como bebidas, suco de amendoim batido, refresco de pêssego e o refrigerante peruano Inca-Cola, de cor amarelada.

   

Casa Santos. Rua Conselheiro Dantas, 92, Pari, 3228-5971.

Casa Líbano. Rua Barão de Ladário, 831, Pari, 3313-0289. 

Rei das Esfihas. Rua Doutor Ornelas, 58, Pari, 3313-0022. 

Barakiah. Rua Coronel Moraes, 396, Pari, 6096-2938. 

Recanto do Líbano. Rua Santa Rita, 1003, Pari, 6692-3505.

Feira da Bolívia. Rua das Olarias, esquina com Praça Kantuta. Domingo, das 11h às 19h. 

 Heloísa Gonçalves Pinto


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